segunda-feira, 8 de agosto de 2016

Deixe-me contar lhe um segredo

Deixe me lhe contar um segredo. Gosto de me sentir ser superior aos demais.
Sei que não sou nada superior. Sei que não passo de mais um pedaço de carne que por sorte ou seja lá no que você acreditar,  tem vida e passa a vagar por essa terra, procurando um rumo ou alguma explicação para algo que provavelmente não há.
Sou mero mortal que com o tempo apodrece e passa, como todas as outras coisas ao meu redor. Sou nada, ainda que acredite ser tudo. Sou vivo e hei de morrer, como tudo e todos a minha volta, mas acreditar ser único, por mais que hajam bilhões, trilhões e quadrilhoes e infinitas estrelas nesse espaço infinito, nessa atmosfera infinita, nesse mundo desconhecido a nós meros humanos, te traz uma sensação de mais valia, uma sensação de que as coisas tem um sentido e que irão ocorrer de acordo com algum destino.  Destino escrito não por mim, não segundo a minha vontade, mas a vontade de algo, alguém maior.
Destino que pelo que sei, sempre tem um dedo do meu querer. Destino que uso como desculpa para o que quero e para o que não quero.
Esse ser maior, que rege tudo a minha volta,  e que eu não entendo,  me serve de motivo e razão ao meu próprio ser. Uso da fé ao meu serviço, e assim condeno quem não o acredita. Pois assim volto a me sentir maior,  superior e melhor do que os demais. Me sinto parte de um plano. Me sinto conectado com algum fato maior de nossas existências. Me sinto futuro, e me sentir futuro e eterno me faz feliz e satisfeito. Mesmo sabendo que sou presente e talvez um pouco passado.

sábado, 30 de abril de 2016

Não me venhas dizer que a culpa é minha, por não saberes sobre a minha vida

Que tu não me venhas culpar
Que tu não me venhas dizer
Que por teu filho ser
Tu deverias saber

Seus costumes e tradições,
Já mortos.
Te impedem de entender, conhecer.
E já não consegues pensar
Sem julgar.
E precisas olhar
Para acreditar.

Pois teu deus disse que é vergonha.
Ao teu redor, te olham com indagação
Mera besteira, bobagem e ilusão.

Não sabes ainda que enquanto tua cabeça esquenta
Importando-se com tanta lei, regra e letra
A vida passa, se apressa
E você aos poucos, me perde nessa.

Minha vida vai se tornando mistério
Já não tens mais o que dizer sobre quem eu fui ou era
Sobre onde estou ou estive
Sobre o que fiz
Sobre o que conheci
Sobre o que aprendi
Sobre o que vivi.

Eu já não existo
O que tu conheces e pensas saber
É apenas sombra de como querias me ver
Apenas memória
Daquilo que um dia já fui
Daquilo que quiseste que eu foste.


Já não sou mais.

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Depois do sexo o sono volta


Ele acordava todos as madrugadas
Pelas cinco horas das manhãs
Eu me levantava e algumas vezes não o tinha ao meu lado na cama.
Isso me chateava, me deixava sem entender
Entender o porquê do homem acordar a essas horas e ler.

Até que um dia ele veio até mim, sem sono e reclamou de não conseguir dormir.
Eu estava quente
Ele ficou quente
Nos beijávamos lembrando do nosso amor
Ele me sorria com seus grandes olhos
Nos chegamos e nos tocamos
Provei nos lábios acordados o gosto do teu sexo
Ele acordou e nossos corpos se encontraram
Éramos apenas um.

Entre o instinto e o raciocínio
Ele regozijou e sorriu, me abraçou e me fez abraçá-lo
E em seguida dormiu.

segunda-feira, 21 de março de 2016

Trecho do livro "The Old Man and The Sea"

It was dark now as it become dark quicly after the sun sets in September. He lay against the worm wood of the bow and rested all he could. The first stars were out. He dind't not know the name of Rigel but he saw it and knew soon they would all be out and he would have all his distant friends.
"The fish is my friend too," he said aloud. "I have never seen or heard of cuch a fish. But you must kill him. I'm glad we do not have to try to kill the stars."
Imagine if each day a man mist try to kill the moon, he thought. The moon runs away. But imagine if a man each day should have to try to kill the sun? We were born so lucky; he thought.


Ernest Hemingway

Alto poema

Gosto porque não sinto medo
Quando bebo ou fumo o medo se distancia
O medo se esconde
O medo some

Pensar que nossas preocupações desaparecem
Ainda assim se preocupando com o homem na esquina
Que com o tempo padece
De fome
De pobreza
De embriaguez
Some/ Morre/ Desfalece.

Você para e sente a natureza se movendo ao seu redor
Você sente as coisas mais próximas de ti
Pode entender o quanto as coisas ao seu redor são belas
São grandes, modestas
Não se pode copiá-las
Não se pode imitá-las
Não se pode
Não.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

Trecho do livro Ovelha Negra

"Não perguntaram por que eu a abracei, não olharam, controversos, ou questionaram minha pieguice repentina;  riram, apenas, de um modo que ri, também,  o nariz coçando, com uma emoção pouco vista e sentida em vida, não motivada pelo deus maior,  mas pelo humano menor,  em barreiras,  ordens e tabus."

Trecho do livro Ovelha Negra

"O diferente era tratado como normal.  Quem sabe o normal fosse o diferente: não porque o mundo quer dar fim aos bons costumes, senhor, mas porque os bons costumes são o fim do mundo. "